terça-feira, 30 de novembro de 2010

RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”

Professora: Rita Rapold
Disciplina: Fundamentos Filosóficos e   Epistemológicos da  Psicologia

Intitulado “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”, o documentário poético dirigido por Marcelo Masagão, lançado no Brasil em 1999, é uma retrospectiva artística do século XX. Ao inserir no filme uma música melancólica e tocante, Masagão casa perfeitamente as imagens com a trilha sonora, dispensando o uso das palavras, que ora aparecem como citações pertinentes ao tema.
O diretor dá uma volta ao mundo, contextualizando as imagens dos principais acontecimentos do século XX, passando por guerras, dirigindo o olhar para a banalização da vida e da morte. Aborda a industrialização do mundo e as conseqÃ?entes mudanças dela advindas – trata da alienação dos trabalhadores que se transformaram em peças da engrenagem capitalista, trocando a zona rural pelo sonho de uma vida melhor na cidade, trabalhando nas fábricas de automóveis, como mostra o filme, diminuindo o tempo de produção de um carro de doze horas para cerca de uma hora e meia, passando a vida toda, no entanto, lutando por um “sonho” ao qual não se incluía a aquisição de um desses carros.http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2587825706666680006
Exibe cenas de personalidades como o ator Fred Staire, o jogador Garrincha, demonstrando uma analogia entre as imagens e faz um paralelo com pessoas comuns em sua rotina cotidiana, denotando a subjetividade do sentido atribuído a cada uma das funções por eles exercidas. O filme instiga a todo instante o expectador, a refletir a cerca do sentido da vida. É um constante jogo de significantes e significados, onde o banal convive com o excencial. E se misturam. 
 Mostra o horror dos assassinatos em massa, por ocasião das guerras, comandadas por líderes, como: Hitler, Stalin, Mussolini, Pinochet e outros, que submetiam a humanidade às suas paranóias, minimizando o sentido da vida e reduzindo a pó, histórias, sonhos, desejos, famílias, possibilidades e tudo mais que estivesse por trás dessas vidas, e deixando ainda um saldo negativo de desilusões, humilhações, desesperos, depressões, mortes, em nome de “ ideais” subjetivos e questionáveis. Matando milhões de vidas diretamente, e a tantas outras, indiretamente, a longo prazo.
Masagão fala da mudança nas formas de comunicação, bem como dos avanços tecnológicos e científicos após o advento da Revolução Industrial. Mostra a importância da descoberta da psicanálise nesse momento e a evolução da independência feminina ao longo do século, lembrando a queima dos soutiens em praça pública, em sinal de protesto à repressão feminina. As mini-saias aparecem e os maiÃ?s diminuem. As mulheres buscavam reconhecimento do seu espaço na sociedade e reivindicavam sua inserção no mercado de trabalho sob o lema: “We can do it”.
Relembra a queda do Muro de Berlim, a violenta Revolução Cultural na China dos anos 70, sob os pés de Mão Tsé-Tung; a extração aurífera em Serra Pelada, no Brasil; a quebra da Bolsa de Nova Iorque,que levou, a uma grande crise econÃ?mica nos EUA em 1929, e o inevitável desemprego da população, a fome, a perda da dignidade e a inutilidade dos diplomas dos letrados da época.
Tudo apresentado com imagens chocantes e de forma dinâmica, como eram dinâmicas as profundas mudanças que ocorriam. A dissipação de famílias e sonhos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, devastadas pelas bomba s atÃ?micas; cita intelectuais, cientistas, escritores subversivos que tiveram seus livros queimados em praça pública por soldados nazistas. 
Uma profusão de acontecimentos e emoções deles advindas. Era o século vinte, com seus absurdos e suas contradições, conquistas, descobertas e destruições, benefícios e malefícios da globalização. O homem criando suas ferramentas que irão recriá-lo, quiçá, destruí-lo.
A arte mostra a nudez de várias formas, de Eduard Duchamp a Munch, os artistas expressam a igualdade entre os sexos, que é exaltada e passa a ser valorizada. Religiões como o Islamismo, o Judaísmo, o Hinduísmo e o Candomblé são abordados como formas de buscar a Deus e Masagão surpreende o espectador ao mostrar uma criança “em alguma esquina do hemisfério sul, abandonada, fragilizada, indefesa, e ainda assim, viva. A esperança na busca de Deus, a sustenta.
Recorda os ideais pacifistas de Mahatma Gandhi, no Tibet, que venceu resistê ncias imperialistas sem usar violência.
O filme é todo exibido em preto e branco e no fim um cemitério aparece em cores. No portal de entrada uma frase: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos” sugerindo uma igualdade de condições entre todos os que lá estão e nós que lá um dia estaremos. Pois, não importa o que pensamos e façamos, nem como e nem quando façamos, Eis uma certeza que chega a todos

FICHA TÉCNICA:
Título original:          “Nós que aqui estamos por vós esperamos”
Tempo de duração:    73 minutos
País de origem:          Brasil
Idioma do filme:         Português
Diretor:                     Marcelo Masagãp
Gênero:                     Documentário

Nenhum comentário:

Postar um comentário