quinta-feira, 18 de novembro de 2010

APO EDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES

UM GRANDE HOMEM

Em 29 de março de 1940, nascia em um bairro periférico de salvador, um menino chamado Calvino da silva. Como toda e qualquer criança, que passou nove meses bem acolhidos, protegido pelo ventre materno, sentiu-se desamparado e com muito medo ao entrar em contato com o mundo, pela primeira vez. Mas, assim que sua mãe o tomou em seus braços, sentiu uma enorme alegria e uma sensação de estar de volta ao lar.

Calvino residia em uma casa de três cômodos, com os pais e os cinco irmãos. A sobrevivência da família era proveniente do trabalho do genitor, na função de zelador. Apesar das dificuldades financeiras, ele se sentia amado por todos!
Calvino já nasceu um sobrevivente, sofreu uma hemorragia no umbigo, quase sempre fatal, para quem nasce com uma doença rara hematológica, como a que lhe acompanhava. Suas alegrias eram restritas, já que brincadeiras, como subir em árvores e jogar bola, que todo menino de sua idade gostava de fazer, nem pensar. Era franzino, o menor da turma do primário, o que levava a ser hostilizado e rejeitado. Calvino sentia-se ansioso e amargurado, o que lhe causavam um terrível sofrimento emocional. Muitas vezes foi vítima de builling, na escola, o que o fez sentir muita raiva dos seus agressores. Mas, sempre que voltava ao lar, era recompensado pelo amor dos seus familiares, o que lhe dava muito conforto.
Devido à patologia hematológica de Calvino, era necessária à transfusão sanguínea, o que levou a contrair inicialmente a hepatite B, depois o vírus HIV. Ainda na infância, devido à debilidade física e carência sócio-econômica da família, contraiu a doença tuberculose pulmonar, e foi desenganado pelos médicos. Passou três anos isolados no quarto dos fundos da pequena casa. Nesse período experimentou a solidão, e sentiu-se desprestigiado pela vida. “Porque comigo?” indagava. Mais tarde chegou a cura e informações esclarecedoras sobre a doença.

Este histórico de vida fez com que Calvino carregasse toda a vida uma sensação de urgência muito grande, um contato constante com a iminência de perigo de vida. Todo o medo que sentia, diante da sua doença, de certa forma, fez com que ele construísse mecanismos de defesa. Trazia consigo uma enorme esperança, alguma coisa dentro dele, uma espécie de “verdade interior” dizia que iria ficar bem. Era o seu alento, aquilo que lhe dava forças para lutar. Sua relação com o tempo não era a mesma de todo mundo. Já aos 10 anos de idade quando necessitava de transfusão, ele mesmo promovia campanhas na escola e na rádio local captando voluntários para doação. Quando era impossibilitado a realizar esta campanha, já havia conquistado um grupo de professores que tomava a frente de tudo. Calvino era um ser resiliente. Era impressionante seu poder de modificar as situações e envolver as pessoas em seus projetos. È tanto que com o passar dos anos, não era mais visto pelos colegas como o patinho feio e franzino, ele mostrou em suas atitudes que as aparências enganam. O caráter, a dignidade e o otimismo foram suas marcas.

Mais tarde, aos 24 anos de idade concluiu o curso de direito, em uma universidade pública. Exerceu a profissão na área do direito político. Casou-se, teve dois filhos. Essas conquistas lhe concederam uma auto confiança incrível, ele sentia-se muito orgulhoso. Fugia aos padrões tradicionais, inclusive de relacionamento. Dizia que o segredo da convivência de muitos anos com a esposa, é o sentimento da não apropriação do outro. Ela não é minha, eu não sou dela. Ficaram juntos 23 anos

Seu período estudantil foi marcado pelas lutas por uma universidade justa e gratuita. Ingressou também nas lutas políticas, o que levou ao exílio por três anos, junto com a atual e única esposa, também militante da época.

Inicia outra fase também difícil em sua vida, ao descobrir-se portador do vírus HIV, aos 45 anos de idade. Uma forma que encontrou para suportar o vírus da AIDS foi contar para todos, inclusive para a sociedade. Até o último dia da sua vida, nunca perdeu as esperanças, acreditou que viveria para ver a cura da AIDS. Assim, suas lutas a partir deste momento até o seu desencarne, foram pautadas na defesa dos direitos da pessoa portadora do vírus HIV. Dentre elas, a 1ª mobilização/caminhadas e seminários intitulados: a vida é mais forte que a AIDS. Deixou um legado que contribuiu para o avanço da assistência e implantação de políticas públicas de saúde para portadores do HIV/AIDS.
O Sr. Calvino desencarnou em 10 de março de 2000, assistido pela esposa, filhos e simpatizantes, vencido pela hepatite e o vírus HIV. Deixou suas realizações e conquistas sociais e políticas para as gerações futuras, em meio aos enfrentamentos e superações da sua fragilidade física e adversidades políticas e sociais da sua época.

Calvino da silva - Estória fictícia- 29/09/10

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